30 de abril de 2024

Show “Cantam Marias e Clarices” mostrará a força da música brasileira durante a Ditadura Militar

A cantora Maria Costa, servidora do TRE -AL, é uma das integrantes do grupo musical Flor de Mandacaru

Há sete anos de estrada, o grupo musical Flor de Mandacaru, formado por cinco mulheres, fará o show “Cantam Marias e Clarices”, em homenagem a todas as pessoas que resistiram, em especial às mulheres, durante a ditadura militar. Para conhecer o projeto, a reportagem do Sindjus-AL conversou com a servidora do Tribunal Regional Eleitoral Maria Costa, uma das integrantes do grupo musical Flor de Mandacaru.

Maria Costa conta que a homenagem será dedicada às mulheres que perderam seus parentes e são as Marias e Clarices eternizadas pelos compositores Aldir Blanc e João Bosco. O show acontecerá no dia 3 de maio, no Teatro Deodoro, às 19h30, no ano que marca os 60 anos do golpe militar no Brasil.

A seleção das músicas foi um processo desafiador, como revela Maria Costa: “É um repertório que a gente está guardando para o público ficar com essa curiosidade”, adianta, revelando que serão 19 músicas apresentadas, todas na época da ditadura militar, das décadas de 60, 70 e 80.

“O repertório foi todo estudado. Nessa época, houve uma produção artística muito grande, contraditoriamente ao tempo de repressão. Foi um momento muito fértil da arte, com muito conteúdo e criatividade infinita dos artistas. Quando olhamos para as metáforas, como forma de poder fugir da censura, muitos conseguiram passar sem que a censura percebesse o que estava sendo dito de fato. A música simples, eles censuravam e, no entanto, liberavam as músicas que tinham muito conteúdo. Eles não entendiam o que essas músicas passavam para o público”, esclarece.

O grupo deu uma parada por conta da pandemia e volta agora com esse novo trabalho. Ela revela que o grupo tirou o nome do show em uma referência a música de Aldir Blanc e João Bosco, de uma frase “Choram Marias e Clarices”. “A gente quis trazer ‘Cantam Marias e Clarices’ para fazer uma referência justamente a essas mulheres que passaram, que sofreram, que perderam seus parentes, que perderam as próprias vidas, que foram torturadas durante a ditadura militar”.

Maria Costa explica que as “Marias e Clarices de hoje” são as herdeiras das “Marias e as Clarices de ontem”, devido ao que acontece em relação à questão no mundo feminino, por exemplo, as repressões, que sofremos hoje, os assassinatos que estão cada vez mais assombrosos e crescentes das mulheres, não deixam de ser uma ditadura do machismo, contra a nossa independência e o direito da mulher escolher com quem quer ficar. “O machismo em si, que impera na sociedade de hoje, faz com que as mulheres sejam mortas”, disse.

A cantora informa que Aldir Blanc colocou esse nome na letra porque foi uma homenagem à filha de Manuel Fiel Filho, um operário que foi assassinado em 1976, quatro meses depois do jornalista Vladimir Herzog, que sua esposa tem o nome de Clarice. “Então, ele pegou os nomes Maria e Clarisse, como símbolos, as Marias e Clarisses, foi a primeira frase, inclusive, da música que ele escreveu do Bêbado e Equilibrista, trazendo toda aquela ideia, todas as referências, a referência do viaduto que caiu na época, do Charles Chaplin, trazendo Carlitos, que é o seu personagem”, explica.

De acordo com ela, o grupo quer dizer que as marias que choravam, não querem mais chorar, querem cantar a vida, seus amores e serem felizes, “porque o que a gente quer, enquanto mulher, é ser feliz, e cantar traz essa simbologia de felicidade”, disse.

A música
A servidora Maria Costa não cantava, mas por questão pessoal, que passava por um momento infeliz, procurou fazer canto em uma escola. A partir daí, conheceu as outras cantoras e criou o grupo que se junta para pesquisar e cantar.

“Queremos contar a história através da música e falar desse período. Temos compromisso com a sociedade. Estamos em uma democracia ameaçada. É preciso lembrar para não repetir. As artes foram muito reprimidas. Os artistas sofreram em todos os aspectos. Tiveram suas peças de teatros e músicas banidas para sempre, e a sociedade perdeu, porque esses artistas não conseguiram recuperá-las. Então, temos essa obrigação que, não é de remoer, mas de falar através da música que são eternas”, defende.

O que: Show Cantam Marias e Clarices
Dia: 03/05/2024
Hora: 19h30
Local: Teatro Deodoro
Ingressos: Sympla.com (https://www.sympla.com.br/evento/show-cantam-marias-e-clarices/2412525) – R$40,00 inteira/R$20,00 meia.

30 de abril de 2024

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