22 de julho de 2021

Máscaras superfaturadas e propina no Ministério da Saúde: mais denúncias de corrupção no governo Bolsonaro

As investigações sobre a atuação do governo de Bolsonaro na pandemia abriram uma “caixa de pandora” que vem trazendo à tona diversas denúncias de corrupção. Os indícios apontam que não houve apenas superfaturamento e cobrança de propina na negociação de vacinas Covaxin e AstraZeneca, mas também há operações suspeitas em relação a outros insumos e no próprio Ministério da Saúde.

Nesta terça-feira (20), matéria publicada pelo jornalista Thiago Herdy, no UOL, revelou que o Ministério da Saúde comprou máscaras do tipo KN95, para serem distribuídas a profissionais na linha de frente do combate à Covid-19, por um custo 29% maior em relação ao que uma empresa privada adquiriu na mesma época, do mesmo importador e do mesmo fornecedor.

A compra foi feita em abril do ano passado e o governo Bolsonaro pagou US$ 66 milhões por 40 milhões de máscaras. O valor é US$ 14 milhões maior, que o pago pela empresa que adquiriu o mesmo produto.

No contrato assinado com a 356 Distribuidora, Importadora e Exportadora, representante no Brasil da empresa de Hong Kong Global Base Development HK Limited, o governo brasileiro pagou US$ 1,65 por máscara KN95, ou R$ 8,65, pela cotação no momento da compra.

No mesmo mês, a 356 Distribuidora importou 200 mil máscaras para um grupo privado, também no modelo KN95, o mesmo contratado pelo governo brasileiro. No entanto, elas custaram US$ 1,28 cada, ou R$ 6,71, de acordo com documentos obtidos pelo jornalista.

Segundo a reportagem, a compra faz parte do maior contrato de insumos hospitalares assinado no Brasil no âmbito do combate à pandemia, que incluiu também máscaras mais simples. A negociação é marcada ainda por um intricado esquema em que as empresas têm relação, sem falar que Freddy Rabbat, dono da 356 Distribuidora, representa no Brasil a marca de relógios suíça Tag Heuer e preside a Associação Brasileira de Empresas de Luxo. Desde 2019 ele atua como conselheiro fiscal da Eucatex, empresa da família do ex-deputado federal Paulo Maluf (PP), com quem também tem relações de parentesco.

“Mensalinho”

Outro esquema suspeito revelado na última semana envolve também o Ministério da Saúde. De acordo com informações repassadas à CPI da Covid haveria um esquema de recebimento de propinas na Pasta, que era operado pelo ex-diretor de Logística Roberto Dias para políticos do Centrão, base aliada do governo Bolsonaro.

Novamente, o nome do líder do governo Ricardo Barros (PP-PR) está envolvido. O esquema funcionaria desde 2018, quando Barros foi ministro da Saúde do governo Temer. Na época, Barros extinguiu a Cenadi (Central Nacional de Armazenamento e Distribuição de Imunobiológicos), empresa estatal responsável pela distribuição de vacinas, e assinou um contrato por cinco anos com a empresa VTC Operadora Logística Ltda, conhecida como VTCLog. O valor do contrato passou de R$ 590 milhões.

Segundo relato de uma servidora, a VTCLog se comprometeria a desviar 10% do valor para pagamento da propina. Esse valor renderia, mensalmente, R$ 990 mil aos envolvidos, sendo 10% (R$ 99 mil) para o ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Dias, e o restante dividido entre Barros e os outros dois envolvidos, que não tiveram os nomes divulgados.

Genocida e corrupto

Na CPI, o deputado Luís Miranda (DEM-DF) declarou que levou a Bolsonaro os indícios de corrupção no Ministério da Saúde em relação à negociação da Covaxin, durante a gestão do general Eduardo Pazuello. Bolsonaro não agiu para investigar ou denunciar o caso, o que significa prevaricação.

Pesquisa do Instituto Paraná Pesquisas mostra que para 55% da população o presidente de ultradireita sabia e não fez nada. Segundo outra pesquisa, do Datafolha, divulgada no dia 11 de julho, 70% da população acredita que há corrupção no governo de Bolsonaro e Mourão.

Em resumo, caiu a máscara de hipocrisia e demagogia deste governo que fez campanha dizendo combater a corrupção. Os fatos estão mostrando que em plena pandemia, em que mais de 540 mil brasileiros e brasileiras já morreram e a vacinação no país está atrasada, um esquema de cobrança de propinas e superfaturamentos foi colocado em prática. Lucraram enquanto milhares morriam!

É repugnante. Esse governo não pode mais continuar. É preciso intensificar as mobilizações de rua e construir uma Greve Geral para por fim a este governo. É Fora Bolsonaro e Mourão, já! No próximo dia 24 de julho, vamos novamente tomar as ruas.

Com informações da CSP-Conlutas

22 de julho de 2021

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