20 de novembro de 2020

Dia da Consciência: luta por direitos, liberdade e contra a escravidão continua

O Dia da Consciência Negra, 20 de Novembro, é a data que marca a morte de Zumbi dos Palmares em 1695, símbolo da luta por liberdade, por direitos e contra a escravidão.

Essa mesma luta continua vigente para toda a sociedade brasileira, que os indicadores sociais só pioraram nos últimos anos. Em meio à crise econômica e à pandemia da Covid-19, o Brasil alcançou a triste marca de 168 mil mortos e 5,8 milhões de contaminados, sendo a maioria de negros e pobres. Em cada dez brancos que são vítimas fatais da covid-19 no Brasil, morrem 14 pretos e pardos. Ao todo, morreram 40% mais negros que brancos em função da doença, indica levantamento da CNN.

Entre maio e julho deste ano, o desemprego atingiu a marca de 13,8%. Isso representa 13,1 milhões de pessoas desempregadas e 5,8 milhões de trabalhadores desalentados que já não veem possibilidades reais de emprego.

Fatores como desigualdade, acesso à saúde, moradia e trabalho contribuem para essa realidade. “O que a pandemia tem evidenciado é o que vários estudos já mostravam em relação ao maior prejuízo da população pobre e negra ao acesso da saúde. A covid-19 encontra um terreno favorável porque essas pessoas estão em um cenário de desigualdade de saúde e de precarização da vida”, afirma Emanuelle Góes, pesquisadora do Cidacs/Fiocruz sobre desigualdades raciais e acesso a serviços de saúde.

Além disso, o desemprego que, historicamente, já atinge em maioria a população negra, registrou recorde histórico desde o início da pandemia, quando aumentou 27%. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em maio, a população desocupada era de 10,1 milhões e chegou a 12, 9 milhões em agosto.

Vale ressaltar que o reconhecimento da data é fruto de anos de luta do Movimento Negro por entender que a comemoração de 13 de Maio, Dia da Abolição, não representa os ideais de liberdade e a luta contra o racismo ao colocar a princesa Izabel como redentora do povo negro.

A abolição da escravidão negra só se deu com o sangue e as lutas dos quilombolas. Além disso, tanto tempo depois, ainda se luta por uma verdadeira abolição, pois o povo negro continua sofrendo com o racismo, as desigualdades sociais e a violência, causados por uma abolição sem reparações.

Após mais de 300 anos de escravidão, simplesmente abriram as senzalas. Mas sem moradia, sem emprego, sem direitos sociais, negros e negras foram obrigados a sobreviver às margens, nas periferias e favelas das cidades, sem acesso à saúde, educação, saneamento básico e condições mínimas de vida.

Aos negros sempre foram negados seus direitos, numa realidade marcada pela perseguição e violência de seus corpos. Historicamente, a população negra vem sendo utilizada para os propósitos dos ricos e poderosos no mundo, sendo a maior parte de desempregados num enorme exército de reserva.

Os poucos avanços obtidos não ocorreram porque os governos foram generosos, mas em razão de muitas lutas. E, ainda assim, este sistema, que sobrevive da opressão e da exploração dos trabalhadores, ameaça e retira cada vez mais os direitos conquistados.

A política de “segurança pública” e de “guerra às drogas” dos governos aprofundam o genocídio e o encarceramento em massa da juventude negra. Segundo pesquisas, os negros foram quase 75% das vítimas de homicídio no Brasil em 2019. De cada 10 mortos pela polícia no país, 8 são negros. As mulheres negras são as maiores vítimas do feminicídio, estupros e da violência doméstica.

A luta de todos continua em defesa dos direitos e por liberdade.

Com informações da CSP-Conlutas – Quilombo Raça e Classe – RJ

20 de novembro de 2020

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