MPU contradiz discurso pró-subsídio e diz que custo de mudança é igual ou maior que PCS
Declaração foi dada na audiência na Comissão de Finanças, na qual foi lida carta de Peluso que desautoriza mudanças de mérito no projeto do Judiciário Luta Fenajufe Notícias
O secretário-geral do Ministério Púbico Federal, Lauro Pinto Cardoso Neto, disse que o impacto financeiro previsto pelo órgão para a aprovação do PL 6697/2009, já considerando a mudança da proposta para remuneração por meio de subsídio, será igual ou um pouco superior ao projeto original, que revisa o Plano de Cargos e Salários. A declaração foi dada por Lauro Neto na audiência pública realizada na tarde da quarta-feira (17), na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara, na qual defendeu a conversão dos salários para subsídio.
“O impacto que se prevê poderá ser maior… [mas] ao longo do tempo tende a trazer economia, mas o valor é semelhante ao projeto [original]. O subsídio num primeiro momento promove um aumento substancial da folha, mas provoca economia ao longo do tempo”, disse o parlamentar, ao responder questionamento do deputado Roberto Policarpo (PT-DF), que insistiu no tema ao mencionar que o deputado Reginaldo Lopes (PT-MG), autor da emenda que transforma o projeto do Judiciário em subsídio, havia afirmado prever uma economia de 50% no impacto financeiro com a mudança. “Num primeiro momento, deve ficar no mesmo valor ou um pouco maior [que o PCS]”, reafirmou, então, o secretário-geral do MPU.
Pouco antes, o representante do Movimento Pró-Subsídio, Alexandre Melchior, um dos debatedores, havia afirmado que o subsídio é uma proposta mais viável porque tem impacto financeiro menor. “O problema do PL é que ele reajusta de maneira igual todos os salários dos servidores, faz isso a um custo altíssimo. A gente sabe que o custo é alto e o do subsidio é mais baixo. Nós vamos gastar quase 8 bilhões de reais para atingir o que o PL pretende atingir e não vai atingir [a equiparação salarial]”, declarou Alexandre, que, pouco depois, ratificou o que dissera ao afirmar mais uma vez que o PCS tem um “custo altíssimo” e que é preciso encontrar uma solução de mais baixo impacto e que seja possível aplicar mesmo diante da “crise econômica, [que] esta aí”.
O impacto estimado para o PCS pelo STF é de R$ 7 bilhões, mas o custo líquido deve ser inferior a R$ 5 bilhões, valores que seriam bem menores em 2012 caso haja parcelamento da proposta. Nem o Planejamento fala em R$ 8 bilhões. Comparativamente a outras despesas da União, como os gastos com as dívidas públicas, movidos às taxas de juros mais altas do mundo, esses valores também ‘encolhem’. Só com o último aumento de 0,25% na taxa básica (Selic) determinada pelo Banco Central, a estimativa é de que as despesas anuais com o pagamento de juros a banqueiros e outros credores da dívida seja acrescida em R$ 5 bilhões, num montante total que supera a casa dos R$ 300 bilhões.
Equiparação não atinge técnicos, admite secretário
O secretário-geral do Ministério Público também reconheceu que a proposta elaborada não equipara as remunerações do técnicos, mas apenas as dos analistas, a carreiras análogas de todo serviço público federal. “Os técnicos [vão ter] valores inferiores ao TCU, à Câmara e ao Senado, mas ficará um pouco maior que o Executivo”, disse, também respondendo a um questionamento de Policarpo. Lauro Neto justificou o fato alegando que a intenção foi seguir uma “simetria” histórica entre os salários de analistas e técnicos, o que teria inviabilizado a equiparação e restringindo-a aos cargos de nível superior.
Ele também defendeu a autonomia do Ministério Público para definir como será seu projeto de revisão salarial. “[O MPU] é um órgão extra-poder, não estamos alinhados com o Judiciário, nem com o Legislativo, nem com o Executivo”, sustentou.
Peluso: não cabe mais decisão de mérito
A audiência não contou com a participação de representantes do Supremo Tribunal Federal. Na véspera, o diretor-geral do STF, Alcides Diniz, levou pessoalmente uma carta do ministro Cesar Peluso ao presidente da Comissão de Finanças, Claudio Putty (PT-PA), explicando por que o órgão não compareceria à atividade.
A carta, lida por Putty ao iniciar a audiência, justifica a ausência afirmando que o debate de mérito sobre o PL 6613/2009, que revisa o plano de cargos dos servidores, transcorreu na Comissão de Trabalho no ano passado e que as reservas de recursos para aprovação do texto original do projeto já foram aprovadas pelo STF e pelos demais tribunais superiores na proposta orçamentária para 2012, a ser enviada ao Congresso Nacional pelo governo.
A federação nacional (Fenajufe) também declinou do convite para participar da audiência, fato também comunicado por carta à comissão. A federação sustenta que o debate de mérito de um projeto que vem sendo debatido desde 2007, em uma comissão que não tem essa prerrogativa, só tem por objetivo postergar a sua aprovação. Na carta, também menciona discordância com a composição da mesa, da qual teriam sido excluídas entidades que vêm participando desta luta desde o seu início.
Por Hélcio Duarte Filho