1 de janeiro de 2014

Funcionalismo se reúne em Brasília, aponta unidade e prepara protestos e marcha para março

Plenária dos servidores federais (Cnesf) prioriza atos e marcha neste mês e indica construção de greve no 1º semestre para descongelar salários e defender direitos


Só com mobilização, unidade e construção conjunta de uma greve geral do funcionalismo público federal, que busque o apoio da população usuária dos serviços públicos, será possível enfrentar a política inflexível de reajuste zero e de redução de direitos trabalhistas, previdenciários e sindicais aplicada pelo governo de Dilma Rousseff. Esse é o resumo das resoluções aprovadas na plenária nacional dos trabalhadores dos serviços públicos convocada pela Cnesf (Coordenação Nacional das Entidades de Servidores Públicos Federais), realizada no domingo (4), em Brasília, que decidiu jogar peso nas manifestações previstas para o mês de março.



Dentre as prioridades imediatas, foram destacadas a atuação direta no Senado contra a aprovação do projeto que privatiza a Previdência e acaba com a aposentadoria integral de novos servidores (PL 1992/2007), a organização da jornada de mobilizações nos estados de 12 a 16 de março e a marcha à capital federal marcada para 28 próximo. Os protestos também estão sendo convocados por entidades que não integram a coordenação, mas se reúnem no Fórum Nacional de Servidores – que tem abrangência maior.



O evento teve a presença de cerca de 100 trabalhadores dos serviços públicos, sendo que 55 deles delegados eleitos para representar oito entidades nacionais ligadas à categoria que compareceram à plenária, além de representantes de sindicatos do Judiciário Federal e do MPU, cuja federação (Fenajufe) não integra mais a Cnesf.



Crise econômica



Cerca de um terço dos participantes se inscreveram para falar e, quase todos, destacaram a importância da união entre os trabalhadores do setor associada à inevitável necessidade de preparar a greve como caminhos para pressionar o governo. “Não há saída para nós que não seja buscar uma unidade ampla, nesse fórum que estamos construindo. Ou vamos para a greve unificada ou vamos aceitar que a foice do governo Dilma passe pelos nossos pescoços”, disse Paulo Barela, servidor do IBGE e dirigente da CSP-Conlutas (Central Sindical e Popular). Ele identificou nas medidas aplicadas pelo governo aspectos preventivos que buscam transferir recursos do mundo do trabalho para o mercado privado e, assim, protegê-lo da crise internacional da economia.



A questão também foi abordada por Cleber Aguiar, dirigente do sindicato dos trabalhadores do Judiciário Federal em São Paulo (Sintrajud), no debate travado no dia anterior, quando contestou o argumento do Planalto de que no Brasil não há cortes de direitos ou de salários. “Do nosso salário cortaram 35%. Nós estamos tendo cortes salariais também”, disse, referindo-se ao índice de inflação acumulada de 2006, data do último reajuste, para cá no Judiciário e MPU e até hoje não reposta.



Combater a divisão patrocinada pelo governo



O consenso sobre a necessidade da unidade, da mobilização e da greve foi acompanhado, talvez em igual proporção, da preocupação quanto às dificuldades a serem superadas para construir as condições para que tudo isso aconteça e se sobreponha às contínuas investidas do governo para dividir a categoria. “Vamos fazer a maior greve jamais vista, ou vamos [ficar sem] nada outra vez?”, indagou Rolando Rubens, dirigente da Federação dos Trabalhadores das Universidades Federais (Fasubra). “Não dá para enfrentar um governo desses fragmentados”, alertou o dirigente sindical Sergio Ribeiro, da delegação dos trabalhadores das escolas técnicas federais. “Qualquer categoria isolada não terá nenhum sucesso. Temos que colocar [os trabalhadores] para discutir a greve do setor público e se possível a greve geral”, defendeu Júlio Tavares, da Previdência Social, que se disse preocupado com o histórico de divisões nos últimos anos, decorrente da adesão de muitas lideranças sindicais ao Planalto. “Se tivermos sensibilidade para superar as diferenças entre nós, nós conseguiremos dar uma boa resposta ao governo”, disse Josevaldo Cunha, do Sindicato Nacional dos Docentes (Andes-SN).



A dimensão desta ‘resposta’, avaliaram os servidores, terá que ser bem maior do que a campanha salarial unificada de 2011, que acabou pulverizada em negociações específicas, que não levaram a lugar nenhum, pautadas pelo governo federal. Terá, ainda, para se fortalecer, que buscar o apoio e a unidade de outros setores de trabalhadores e da população que, no dia a dia, recorre aos serviços públicos.


 


Por Hélcio Duarte Filho, enviado a Brasília


Luta Fenajufe Notícias


 

1 de janeiro de 2014

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