1 de janeiro de 2014

Estado abandona complexo farmacêutico de Alagoas

O Laboratório
Industrial Farmacêutico de Alagoas (Lifal) está abandonado pelo
Governo do Estado. Equipamentos e maquinários, que custaram milhões
aos cofres públicos, estão parados desde agosto do ano passado.

Atualmente são
cerca de 70 funcionários e 16 aposentados, no regime celetista, que
estão em greve desde o dia 17 de maio, reivindicando direitos
sociais e pagamento de salários atrasados. Eles estão sem receber a
gratificação da cesta-básica há dez meses e vale transporte.
Temem pelo futuro do Lifal.

Todos os dias, a
partir das 7 horas, os trabalhadores se concentram em frente ao
Laboratório, localizado no Conjunto Salvador Lira, em Maceió/AL,
para os piquetes da greve. A maioria já possui mais de 20 anos de
serviços prestados a empresa e estão perto da aposentadoria. No
entanto, mais de dez deles, que completaram o tempo de contribuição
previdenciária, continuam trabalhando porque o Lifal ‘não tem
recursos’ para indenizá-los, ou seja, pagar seus direitos
trabalhistas, como FGTS e INSS. “A direção diz que não tem como
pagar a multa indenizatória”.

O dirigente do
Sindipetro/AL Adauri Amaro (Dário) destaca a falta transparência.
“Sabemos que foram liberados 500 mil reais em abril de aporte de
capital, mas não sabemos como foram aplicados esses recursos. No
orçamento do Estado, está previsto R$ 6 milhões, mas nada é feito
pelo Lifal”, denuncia.

“É triste olhar o
Lifal nessas condições com os matos crescendo, infiltrações nas
paredes. Medicamentos fora da validade que viraram lixos e precisam
ser incinerados. O laboratório apenas está funcionando como
depósito de remédio que o Estado adquire de outros laboratórios,
quando deveria estar produzindo”, revela, acrescentando que há
muitos medicamentos vencidos armazenados irregularmente para serem
incinerados.

Um dos problemas é
a falta de gerenciamento por pessoas habilitadas. “Dificilmente, um
diretor passa um ano à frente do órgão. Muitos assumem sem ter
conhecimento do ramo, o que emperra o desenvolvimento do
laboratório”, diz Dario. Segundo ele, o atual presidente do Lifal
comparece ao órgão uma vez por semana e não conversa com os
funcionários.

“Alagoas é o pior
estado em Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil. Possui
um terço da população vivendo abaixo da linha da pobreza. “Deixar
o laboratório nessas condições é um crime aos cidadãos que
precisam desses medicamentos. O que falta é vontade política do
Governo de Alagoas. Temos um prédio equipado”, desabafa.

Produtos

O Lifal funciona em
um complexo industrial com vários equipamentos e maquinários com
valores que variam cada de 30 a 500 mil reais cada, entre eles, uma
central de ar condicionado, máquinas de chiller, embristadeira,
reatores de inox de até 3.200 litros, destilador, entre outros, que
estão parados.

Desde 1990, que o
laboratório estadual passa “por um processo de sucateamento, cuja
finalidade é acelerar a privatização. No ano passado, funcionou um
mês. Ele já atendeu os 102 municípios. “É importante ressaltar
que o governo tem obrigação de garantir o funcionamento social do
laboratório”, revela o dirigente.

Em época de
produção em larga escala, abastecia as cidades com analgésico
(Lifal Ácido Acetilsalicílico, Lifal dipirona), antianêmico,
antibióticos (Lifal ampicilina, Lifal Eritromicina, Lifal
Sulfametoxazol + Trimetoprima), antieméticos (Lifal Metoclopramida),
anti-hipertensivos (Lifal Captopril, Lifal Propranolol),
antiparasitários (Lifal Mebendazol, Lifal Metronidazol),
anti-retrovirais (Lifal Nevirapina, Lifal Indinavir), broncodilatador
(Lifal Salbutamol), diuréticos (Lifal Furosemida e Lifal
Hidroclorotiazida).

Por Josiane Calado –
Sindjus/AL

1 de janeiro de 2014

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